Ontem assisti uma série de reportagens sobre líderes do tráfico de drogas no Brasil, presos em penitenciárias de segurança máxima. Um deles, ao ser entrevistado, fez a seguinte pergunta ao repórter: “Quando o governo se mostra ausente, quem é que assume o poder”? Líder é líder, e podemos aprender com todos eles, desde o pastor até o traficante.
Não foi de propósito, repito e friso, não foi de propósito, que Moisés desapareceu por 40 dias e noites (Ex 24.12-18), mas o povo não sabia disso, e o que fazer quando aquele que tinha a visão simplesmente sumiu? Onde “esse Moisés” foi parar? Foi com ele que Deus falou, ele sabia onde e como chegar, mas o povo não; aquele parecia ser um projeto só de Moisés. Arão era apenas o porta voz, como poderia socorrer o povo em sua angústia, falta de informação e de direção? O que parecia mais óbvio era pensar “Moisés morreu, é claro que morreu. Precisamos de um novo líder e uma direção”. Agora, definitivamente, sem um líder, os mais influentes do povo assumiram essa direção: “vamos voltar ao Egito”. Sempre vai ser assim. Alguém já disse que “liderar a igreja é como dirigir um carro desalinhado. Se o líder tira a mão do volante, ela perde a direção”.
Isso não acontece a esmo ou de um modo só. Esse desalinhamento e perda de direção podem ser, primeiro, pela falta de um líder; quando as pessoas realmente não têm um líder. Em segundo lugar, esse fenômeno se dá quando existe o líder, mas ele é ausente. Há outras prioridades em seu radar, e tudo o que foi construído e conquistado está nas mãos de outros, o que divide opiniões e consequentemente, divide a direção do projeto, com cada um fazendo o que quer, como quer, como foi na época dos Juízes de Israel. Por fim, a insegurança e, posteriormente a bagunça generalizada, pode acontecer pelo distanciamento proposital do líder. Ele faz questão de não se misturar, de não andar no meio deles (como fez Jesus), de não os levar consigo (como fez Barnabé), de não abrir as portas de sua casa, de não os tocar, de não comer com eles depois do culto ou do congresso, de não visitar seus lares, de não mandar um “alô” de vez em quando perguntando “está tudo bem com você e a família?”, de não constranger os insubordinados com abordagem mansa e direta. Apesar disso, faz questão de estar e se afirmar acima e não junto. Obs. Ele não está junto com os pobres ou insignificantes, mas adora ser rodeado de gente “relevante” e rica, e adora mais ainda o estilo de vida que isso lhe proporciona. Essas configurações de liderança deixam espaço para as pessoas perguntarem: “quando o líder se mostra ausente, quem assume o poder”?
Precisamos urgentemente repensar: “se estamos faltando, quem de fato está liderando nossas igrejas”? Estamos de fato juntos? É unidade no mais amplo sentido? Cada um realmente importa? Todos estão indo na direção da Missão? Se a igreja é como um carro desalinhado, não podemos tirar a mão. E se ela já é um carro desgovernado, precisamos pegar o volante de volta. Com todo cuidado, amor, respeito, delicadeza e autoridade espiritual precisamos cuidar para que outros não assumam o projeto que Deus entregou em nossas mãos. Repito o que disse em outra oportunidade: “Quando os preparados não assumem a liderança, os desastrados o farão”. Que Deus nos abençoe para que assumamos nosso lugar como líderes maduros, amorosos e responsáveis.
Pr Gelson A de Assis
